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Paulo Flores e Yuri da Cunha actuam no Coliseu dos Recreios

 Paulo Flores e Yuri da Cunha actuam no Coliseu dos Recreios

Paulo Flores e Yuri da Cunha subirão, amanhã, ao palco do Coliseu dos Recreios em Lisboa, num concerto de antestreia do EP colaborativo intitulado “No Tempo das Bessanganas”, com seis temas, e no dia 29 deste mês, estarão em Luanda, para celebrar os sucessos a solo e os duetos que ao longo das carreiras partilharam em estúdio.

Paulo Flores diz  “para além de celebrar o nosso trabalho e a amizade” também pretende fazer um tributo e preencher um vazio que se criou na nossa música que tem a ver com a poética do kimbundu, razão pela qual procura revisitar o kimbundu e a sonoridade dos conjuntos dos anos 80.

“É de facto o romantizar de todas estas sonoridades fazendo também uma abordagem nas misturas que permite ouvir cada som de forma inteira e intensa e procura estes swings mais perto do semba, rumba angolana e acima de tudo é um trabalho que honra também a nossa história”, afirmou “Ti Paulito”, como é tratado nas lides artísticas.

Por sua vez, Yuri da Cunha direcciona o seu discurso da seguinte maneira: ‘”No Tempo das Bessanganas’ é um lugar onde a gente se encontra, eu e o compadre, nós temos um respeito enorme pela cultura e raiz de Angola, em particular, e de África, no geral. Desta vez tivemos mais cuidado apelando mais ao kimbundu. Nós trabalhamos bastante com as pessoas que conhecem a temática, de forma a dar aqui a valorização das nossas línguas nacionais. Para mim será sempre uma honra partilhar qualquer tipo de momento com  o meu compadre, um homem tão grande como ele, estou muito feliz em estar com ele no Tempo das Bessanganas”.

O EP “No Tempo das Bessanganas”, também, presta um tributo a quem nos deixou e teve parcerias como “Macalacato”, com Paulo Flores, e outros autores. “Fala de quem não cá está como o percussionista e compositor, Galiano Neto, que entra neste EP como um dos parceiros na letra do ‘Compadre’ é um dos homenageados, toda esta tradição da Ilha de Luanda, do kimbundu, da massemba das nossas mamãs, de toda esta identidade de uma oração para o povo que deixa a Avenida Marginal, como começa a música. É um semba muito bonito”, disse Paulo Flores.

Detalhando mais acerca do tema que abre o projecto disse que ‘”Compadre’ para mim e Galiano Neto resultou de vários encontros onde procurávamos encontrar uma poética de um kimbundu mais antigo e uma rumba angolana, que revive a musicalidade dos anos 80 dos grupos de Luanda”.

Dos seis temas do álbum apenas “Chuva Caiu” inspirado no original de Luís Visconde não é um dueto, onde Paulo Flores canta sozinho e explica as motivações:  “fiz há um ano e meio, depois de ver um temporal que caiu em Luanda a forma como as pessoas têm sempre de reinventar as suas vidas e lembrei da música do Luís Visconde em que o chofer dizia que não ia passar a lagoa e eu pensei como seria o mesmo chofer de praça depois de mais uma chuvada da nossa vida e cidade actual”.

No projecto temos ainda “Vamos ficar como Papá nos deixou”, um semba que é um dos principais mais aclamados do projecto, “I de Janeiro (povo oprimido)” e encerra ao som “Yuradas”. O projecto tem a direcção artística que trabalhou com músicos que o acompanham muitas vezes em palco e estúdio como: Manecas Costa, Armando Gobliss, MayoBass, Kiari Flores, Ivo Costa, Luís Delgado,  Rodrigo Bento e Raidel Ortizx.

Paulo Flores e Yuri da Cunha têm proporcionado vários duetos marcantes como “Njila dya Dikanga”, “Rumba ZaTukine”, “Kandengue Atrevido”, “Amanhã 11 de Novembro” e outros, assim como vários momentos em palcos juntos. Paulo Flores tem outro álbum colaborativo “A Bênção e a Maldição ”, com o rapper Prodígio, e teve a participação de Yuri da Cunha, em dois temas.

Paulo Flores foi lançado no mercado aos 17 anos com o LP “Kapuete Kamundanda” e tem ainda os temas “Sassassa”, “Coração Farrapo”, “Cherry”, “Brincadeira Tem Hora”, “Inocente”, “Perto do Fim”, “Recompasso”,”TheBest”, “Xé Povo”, “Quintal do Semba” , “Ao Vivo”,”Ex-Combatentes”, “O País Que Viu Nascer Meu Pai”, “Bolo de Aniversário”, “Kandongueiro Voador” e “In Dependência”,  lançado a 11 de Novembro de 2020. Também tem obras dispersas em várias compilações e colaborações em projectos de artistas nacionais e internacionais, dentre os vários prémios o Top dos Mais Queridos em 2011.

Yuri da Cunha iniciou a carreira artística como cantor piô e o tema de lançamento  foi “Amigo”. Vencedor de duas edições do Top dos Mais Queridos, respectivamente, em 2009 e 2015. Estreou-se no mercado discográfico em 1999 com o álbum “É tudo Amor”, mas é com o tema “Makumba” que capta a atenção dos amantes de música de raiz e do semba. Tem ainda no mercado os discos  “Eu”, “KumaKuaKié”, “Yuri da Cunha Canta Artur Nunes”, “O Intérprete” e “Mr. Pulungunza”, assim como temas gravados em projectos discográficos de artistas nacionais e internacionais.