Moradores do Bairro Matadouro em Belas denunciam “Máfia dos PTs Privados” e abandono por parte das autoridades

Os moradores do bairro Matadouro, no município de Belas, lançaram um apelo urgente ao Administrador Municipal Wilson Morais, denunciando o que chamam de “máfia dos PTs privados”, má gestão pública, falta de água potável, vias intransitáveis e aumento da delinquência juvenil. Em tom de revolta, os cidadãos afirmam que “governar é resolver os problemas do povo” e exigem ações concretas por parte da administração.

Segundo os moradores, os Postos de Transformação (PTs) privados instalados na zona — entre eles os identificados como Silveira, Casa das Plantas e Tony Banana — cobram valores exorbitantes, chegando até 7.000,00 Kz por mês, num contexto em que a maioria das famílias vive com dificuldades económicas. Para muitos, a actuação dessas empresas ocorre com a cumplicidade ou omissão da Administração Municipal, o que tem alimentado o sentimento de impunidade e frustração.

“Já recebemos a reportagem da TV Zimbo mais de duas vezes, mas nada mudou. É como se estivéssemos a clamar no deserto. A luz continua cara e de má qualidade,” lamentou um dos residentes do bairro Matadouro.

Além da questão da energia, os moradores enfrentam sérios problemas no acesso à água potável, sendo obrigados a comprar um simples bidão a 100 Kz. A situação é ainda mais difícil de aceitar, tendo em conta que o bairro se localiza próximo ao maior rio de Angola, o Kwanza.

“A falta de água aqui não tem justificação. Estamos perto do Rio Kwanza e mesmo assim temos de pagar por cada gota. Isso não é abandono, é castigo,” desabafou Dona Madalena, moradora há mais de 12 anos.

A via de acesso ao bairro Matadouro, que fica próximo ao Benfica, também é um problema grave. A falta de asfaltamento dificulta a circulação de transportes públicos, o que deixa os residentes praticamente isolados, sobretudo durante a época das chuvas, quando as cheias da vala do Rio Wala alagam a região.

O problema da delinquência juvenil e a presença de gangs armados com catanas tem gerado medo e insegurança. A ausência de policiamento efectivo e de oportunidades para a juventude local tem sido apontada como uma das causas do agravamento da criminalidade.

“O PT que inauguraram na pracinha durante a campanha eleitoral só fornece energia para cinco casas. O resto do bairro está às escuras. Isso é só show político. Estamos entregues à nossa sorte,” criticou outro morador.

Os cidadãos concluem o seu apelo com palavras duras: “Demitam-se, demitam-se, demitam-se… se não conseguem dar o mínimo ao povo!”.

O KILAMBA 24 HORAS continuará a acompanhar de perto esta situação, ouvindo também a resposta das autoridades locais, nomeadamente a Administração Municipal de Belas e os órgãos centrais, como a ENDE e EPAL. A população pede socorro — e exige soluções concretas.