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COP26: Reduzir a fome em África em 80% está mesmo ao nosso alcance

 COP26: Reduzir a fome em África em 80% está mesmo ao nosso alcance

O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina, disse que reduzir a fome em África em 80% “está mesmo ao nosso alcance”, destacando o conjunto de iniciativas na área da Agricultura que estão a ser lançadas.

Estou neste ramo há muitos anos, e nunca estive tão apaixonado e tão convencido de que atingir a fome zero em África está mesmo ao nosso alcance“, disse Adesina durante uma intervenção na Cimeira de Aceleração da Adaptação em África, que decorre no âmbito da COP26, em Glasgow.

O Programa de Aceleração da Adaptação em África [AAAP] foi lançado pelo BAD e pelo Centro Global de Adaptação para acelerar os recursos financeiros em África, e está a apoiar 30 milhões de agricultores com serviços digitais de aconselhamento sobre as alterações climáticas, disponibilizando tecnologias resilientes a 11,2 milhões de agricultores em apenas dois anos“, salientou o banqueiro.

“Com o AAAP esperamos atingir 40 milhões de agricultores, possibilitando a produção de 100 milhões de toneladas de comida, que será suficiente para alimentar 200 milhões de pessoas e com isso reduzimos a fome em África em 80%, acrescentou Adesina, que antes de ser escolhido para liderar o BAD, era ministro da Agricultura da Nigéria.

Durante a intervenção na Cimeira, Adesina abordou também a situação financeira do continente africano e a necessidade de aumentar o nível de financiamento para que o continente recupere dos efeitos da pandemia de covid-19, que originou uma recessão de 2% no ano passado, o primeiro crescimento negativo nos últimos 25 anos.

Não precisamos de mais factos, precisamos é de mais financiamento“, exclamou.

África perde a 7 a 15 mil milhões de dólares [6 a 12,9 mil milhões de euros] devido às alterações climáticas, mas o valor pode chegar a 50 mil milhões de dólares [43,1 mil milhões de euros] em 2040“, explicou.

O continente, continuou, precisa de 336 mil milhões de dólares [289 mil milhões de euros] para se adaptar às alterações climáticas, a que se juntam as verbas necessárias para recuperar da pandemia de covid-19.

África pura e simplesmente não consegue respirar”, avisou, apontando que apesar de o continente “não contribuir com mais do que 3% para as emissões com efeito de estufa, é o mais vulnerável às alterações climáticas e só recebe 3% do financiamento global sobre o clima“, adiantou o banqueiro.

Na sua intervenção, Adesina vincou a intenção do banco de “duplicar o financiamento climático para 25 mil milhões de dólares [21,5 mil milhões de euros] até 2025 e canalizar 40% de todos os investimentos” para esta área.

Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.