Técnicos de saúde de Belas formados em matérias de gestão de resíduos hospitalares
REPORTAGEM: Constantes enchentes nas paragens de táxis frustam moradores da Centralidade do Kilamba
Manuel João, 28 anos, vive na Centralidade do Kilamba e trabalha na zona da Cuca, no município do Cazenga, numa loja de comercialização de produtos diversos. Até finais de Novembro, Manuel João gastava 600 kwanzas de ida e volta. Desde o início do mês de Dezembro que Manuel João viu a vida a complicar, devido ao encurtamento de rotas e aumento da tarifa de táxi. Se antes gastava 600 kwanzas, doravante dobrou os gastos, dificultando as contas, uma vez que o salário não aumentou.
Para contrapor à situação, Manuel optou por se levantar às 4h da manhã e caminhar com todos os riscos do quarteirão M, onde reside, até à zona da Pumangol. Ali, por volta das 5 horas, consegue apanhar os primeiros táxis até ao Golfe 2, pagando 150 ou 200 Kwanzas. A dificuldade começa no Golfe 2, onde o preço sobe para 200 kwanzas. Ainda assim sente-se um pouco aliviado, porque poderia ter ficado na Shoprite, pagando 200 kwanzas e apanhar Cuca e pagar 150 kwanzas.
Germana Guilherme, 25 anos, está há mais de uma hora na paragem de taxi do KERO do Kilamba e pretende chegar ao Talatona. O relógio marca 8 horas e as dificuldades aumentam. Diz que há muito tempo que não sentia tanta dificuldade para ir trabalhar como agora e mostra-se preocupada com o encurtamento de rotas e aumento do preço de táxi para 200 kwanzas. O tempo passa e as dificuldades são maiores, situação que cria constrangimento e incumprimento de horário, pagando mais caro do que o habitual.
Segundo uma reportagem do KILAMBA 24 HORAS, constatou-se que muitos moradores da Centralidade ficam mais de duas horas nas paragens, à espera de táxi ou autocarros públicos como alternativa.
“Está cada vez mais difícil andar de transporte público na cidade de Luanda, principalmente nas primeiras horas da manhã e final da tarde, hora do regresso para casa”, lamentou.
Entre as pessoas encontradas nestas enchentes está Celestino Tigre, 30 anos, que morador do Quarteirão M e trabalha no Zango 3. Adiantou que a sua vida tem sido complicada devido ao encurtamento das linhas, o que o obriga a gastar mais do que o habitual. “Normalmente, fico duas horas na paragem à espera de taxi, aturando essa maldita especulação de preços da corrida de táxi e encurtamento de rotas”, desabafou.
“Os taxistas cobram por cada corrida 150 a 200 kwanzas e, por vezes, tenho que pegar quatro táxis para chegar a casa. Somos obrigados a suportar esta situação para não faltar ou perder o emprego”, disse.
O passageiro acrescentou que os taxistas aproveitam-se das enchentes nas paragens para encurtarem as rotas e subirem os preços para 200 ou 300 kwanzas, ao contrário dos 150 kwanzas. Celestino Tigre aponta a época natalícia como sendo um dos motivos da agitação nas paragens, acusando os taxistas de lucrarem mais do que o normal.
André João, 38 anos, é taxista há mais de sete. Afirma que tem sido recorrente, nas primeiras horas da manhã e no final da tarde, em que muitos trabalhadores estão a largar do trabalho, assim como na fase da quadra festiva, a agitação das pessoas para encurtar e especular preços.
“Nesta fase, Luanda fica agitada e, fruto disso e do engarrafamento até nas horas mais tranquilas do dia, aproveita-se para ganhar um pouco mais”, reconheceu, acrescentando que muitas vezes, devido ao trânsito, encurta-se as rotas ou sobe-se o preço, para compensar o tempo perdido nos engarrafamentos.
O automobilista explicou que, por norma, a subida de preço e encurtamento de rotas depende do tipo de rota, do mau estado das vias, do preço da gasolina e das enchentes nas paragens.
presidente da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA), Francisco Paciente, aconselhou os taxistas no sentido de não encurtarem as rotas nem subirem os preços da corrida de táxi, como se tem verificado nos últimos dias, em Luanda.
Francisco Paciente lembrou que a actividade de táxi está enquadrada no âmbito dos preços vigiados, sob controle do Executivo, através do Ministério das Finanças.
Ressaltou a importância de se combater o desajustamento do mapa de rotas de Luanda, por ser um factor negativo que faz com que os taxistas não inscritos na organização se aproveitem da situação.
Francisco Paciente adiantou que a falta de profissionalização e registo dos veículos em serviço de táxi leva muitos indivíduos a se fazerem passar por taxistas, cobrando um preço acima do estipulado.
O presidente da ANATA entende, também, que o mau estado das vias, provocado pelas últimas chuvas, originou avarias em muitos táxis e reduziu na oferta de transportes, o que levou a ter enchentes nas paragens, situação aproveitada por muitos taxistas com veículos não inscritos para especularem os preços.
AMOTRANG contra aumento de preços
Se por um lado os detentores de viaturas azul e branco andam a encurtar as rotas e aumentar os preços, no interior dos bairros, os motoqueiros também decidiram unilateralmente aumentar o preço da corrida, saindo dos 150 para 200 kwanzas ou mais, conforme a distância. É assim no bairro da Boa Esperança, na Sapú, no Zango, no Cazenga, onde pequenas distâncias custam 200 kwanzas, criando descontentamento nos passageiros como Maria Fernandes e João Fonseca.
O presidente da Associação dos Motoqueiros e Transportadores de Angola (AMOTRANG), Bento Rafael, discorda do comportamento de alguns associados em aumentar o preço e lembrou que, oficialmente, o valor da corrida é 150.
“Não queremos ver motoqueiros nem outros transportadores em tribunal por aumentarem o preço das corridas”, apelou.
Bento Rafael lembrou que o encurtamento das rotas e alteração de preços podem levar o seu autor à cadeia.