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ONU diz que golpe no Níger complica “ainda mais” situação de segurança

 ONU diz que golpe no Níger complica “ainda mais” situação de segurança

O golpe militar levado a cabo no Níger, na quarta-feira, “complicou ainda mais” a situação de segurança na África Ocidental e Sahel, disse o representante especial do secretário-geral da ONU para a região.

“A mudança inconstitucional de Governo no Níger complicou ainda mais um cenário de segurança que se agrava”, sublinhou, num comunicado, o moçambicano Leonardo Santos Simão.

O representante especial de António Guterres acrescentou que a equipa da ONU no Níger vai continuar a apoiar os mais vulneráveis, e reiterou o compromisso do seu gabinete com a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) no apoio à população local.

Na segunda-feira, a Alemanha e o Reino Unido anunciaram a suspensão da ajuda ao desenvolvimento e do apoio orçamental ao Níger, na sequência do golpe militar, uma medida já tomada no sábado pela França.

O porta-voz do secretário-geral da ONU, Farhan Haq, garantiu que Leonardo Santos Simão irá continuar a dialogar com todas as partes para restabelecer a “ordem constitucional” e “consolidar as conquistas democráticas”.

O representante especial esteve presente no domingo numa reunião onde os líderes da CEDEAO deram à junta militar no Níger um ultimato de uma semana para um “retorno total à ordem constitucional”.

Os estados-membros disseram que não descartam o “uso da força” e decidiram “suspender todas as transações comerciais e financeiras” com o Níger e congelar os bens dos militares envolvidos no golpe.

Um golpe de Estado liderado pelo general Abdourahamane Tchiani, derrubou o Presidente eleito do Níger, Mohamed Bazoum, na quarta-feira.

Tchiani justificou o golpe de Estado com a “deterioração da situação de segurança” num país assolado pela violência dos grupos fundamentalistas islâmicos.

A junta militar que governa a Guiné-Conacri alertou na segunda-feira que uma intervenção militar contra o Níger levará à “rotura de facto” da CEDEAO, salientando que “as medidas sancionatórias, incluindo a intervenção militar, são uma opção que não seria uma solução para o problema atual”.

“Isso causaria um desastre humano cujas consequências poderiam ultrapassar as fronteiras do Níger”, destacou.

A Guiné-Conacri referiu ainda que tem a convicção de que as novas autoridades que lideram o Níger farão “todo o possível para garantir a estabilidade e a harmonia” naquele país e na região.

Os governos do Burkina Faso e Mali sublinharam também na segunda-feira que uma intervenção militar no Níger seria considerada “uma declaração de guerra” contra os seus países.

Os dois governos, nascidos de golpes de Estado, advertiram que “qualquer intervenção militar contra o Níger conduziria à retirada do Burkina Faso e do Mali da CEDEAO bem como à adoção de medidas de autodefesa em apoio às forças armadas e ao povo do Níger”.