Depois de quatro tentativas frustradas, Luciano Ndombeke, funcionário público, residente na Centralidade do Kilamba, teve de interromper o sono para ir à meia-noite a uma dependência bancária fora do município de Belas, mas sem efeito.
“Solucionem o problema o mais rápido possível. Os gestores bancários devem agilizar, verificar e programar o carregamento de dinheiro de tempo em tempo nos caixas automáticos, porque no balcão nunca há dinheiro”, lamenta.
Já Juliana Alves mostrou-se agastada com igual cenário em todos os finais do mês. “Estive no ATM do KERO Kilamba das 8h00 às 12h00 e não consegui levantar dinheiro porque terminou o que havia. Depois, mudamos para outro banco, lá também notamos enchentes. Os bancos ficam mesmo sem dinheiro: precisa-se corrigir isso”, apela.
No Kero Kilamba, por exemplo, com um total de 12 Terminais da rede Multicaixa disponíveis, constatou-se que apenas cinco tinham valores e as restantes apenas papel.
No traço Kilamba-Benfica não foi diferente. Desde os cinco caixas do Banco BAI, no condomínio BoaVida, até aos balcões do BPC e do Banco Sol juntos ao Instituto Politécnico ISIA, também era só papel e consulta de dados disponíveis. Nada de dinheiro, isso por volta das 10h00s.
A agência do BAI do Benfica, próximo da esquadra do distrito, tinha dinheiro, mas a fila era de 70 pessoas ou mais. Percorridos alguns metros, na agência do Millennium Atlântico, a fila era bem menor. Estavam entre 15 e 17 pessoas, sem muita pressão e, dos dois ATM, um não funcionava, outra provida de papel e dinheiro.
No BFA da entrada do condomínio Clube Hípico, a enchente observada sinalizava dinheiro. São três caixas à disposição, mas um aglomerado de quase 50 a 60 pessoas, com uma rede a atrapalhar ainda mais, fruto das obras de benfeitoria no edifício.
Uma fonte do Banco Nacional de Angola (BNA) contactada pela nossa reportagem lembrou que, em Setembro de 2021, os bancos comerciais foram obrigados a assegurar o abastecimento dos caixas automáticos com uma disponibilidade de notas não inferior a 95 por cento da capacidade.
Entretanto, as entidades bancárias parecem não cumprir com o diploma, por se tratar apenas de uma procura superior à oferta, por haver cada vez menos agências em funcionamento, sobretudo nas zonas periféricas de Luanda.
Aliás, um bancário contactado, mas que preferiu o anonimato, esclareceu que a sua agência, em particular, chega a disponibilizar, em média, de três a cinco milhões de kwanzas por dia para abastecer os ATMs, o que mesmo assim é insuficiente em determinadas épocas do mês, como no período de pagamento de salários pelas empresas públicas e privadas.