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UNITA pede a Angola que siga exemplo democrático de Cabo Verde

 UNITA pede a Angola que siga exemplo democrático de Cabo Verde

O líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) apelou hoje aos eleitores que sigam o exemplo de Cabo Verde, onde existe “alternância democrática” e “uma verdadeira democracia”, ao contrário do que diz suceder em Angola.

No seu comício de encerramento da campanha eleitoral que encheu as antigas instalações da Filda, Adalberto da Costa Júnior pediu às forças de segurança e de defesa para se manterem equidistantes, prometeu combater a corrupção e criticou a falta de transparência e independência do processo eleitoral, em favor do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

Quando o ex-presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, subiu ao palco na qualidade de líder da missão de observadores da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), Adalberto Costa Júnior saudou-o e elogiou a democracia cabo-verdiana.

“Nada melhor que o exemplo de Cabo Verde para nos inspirar no que queremos” para Angola. “Naquele país, as eleições proporcionaram a alternância várias vezes e a democracia em Cabo Verde é robusta e com maturidade”. É “um bom exemplo para nós”, afirmou Adalberto Costa Júnior.

Jorge Carlos Fonseca foi eleito Presidente em 2011 e contou com o apoio do Movimento para a Democracia (MpD), o partido que quebrou a hegemonia na década de 1990 do então partido único de Cabo Verde nas eleições multipartidárias, à semelhança do que Adalberto Costa Júnior quer fazer em Angola, 25 anos depois das primeiras eleições democráticas, derrotando o MPLA, no poder desde 1975.

“Dia 24 estaremos a acabar com o partido único no poder”, prometeu Adalberto da Costa Júnior aos milhares de militantes, recordando que a UNITA federa a maior parte das figuras da oposição, numa “ampla frente para a alternância”, que significa “uma nova relação entre a sociedade e o Estado”.

No seu discurso, o líder da UNITA classificou de “pais da nação”: Agostinho Neto, Holden Roberto e Jonas Savimbi, sendo que apenas o último teve aplausos e também o antigo presidente José Eduardo dos Santos.

José Eduardo dos Santos e Savimbi, disse, “deram continuidade à necessidade de conciliar este grande país, mas o trabalho não foi acabado” e “os últimos cinco anos pouco acrescentaram aos aspetos formais da reconciliação nacional”.

Hoje, Costa Júnior diz ter a “absoluta necessidade de tranquilizar os compatriotas que formataram a governação ao longo dos 47 anos”, dirigindo-se aos membros do MPLA: “Não tenham medo da alternância. Não há democracia sem a alternância do poder”, até porque “a continuidade do partido único do poder corresponde ao adiamento do desenvolvimento de Angola”.

Afirmando que a UNITA é defensora da “continuidade do Estado”, Costa Júnior agradeceu à polícia a proteção durante a campanha e criticou a “grande diferença salarial entre as forças de segurança e de defesa angolanas”.

“Iludam-se aqueles todos que pensam que a alternância é atentar contra a segurança do Estado” ou que possam atuar contra quem ganhe as eleições. “As forças de defesa e de segurança estão com maturidade e respeitam a lei”, disse, a dois dias da votação.

Sobre o processo eleitoral, Costa Júnior recordou que “hoje mesmo entrou mais um processo no Tribunal Constitucional e outra chamada de atenção à CNE [Comissão Nacional Eleitoral]” para “apelar ao respeito à lei”.

Em causa está a ausência de uma auditoria, a não publicação dos cadernos eleitorais e a retirada dos mortos das listas de eleitores, entre outras questões elencadas.

“Fizemos todas as pressões”, mas “nada foi feito” e segundo a UNITA, permanecem 2,5 milhões de mortos numa lista de 14 milhões de eleitores, um número que poderá ser decisivo caso sejam descarregados como votantes noutro partido.

No país, vários dirigentes apelam ao movimento “Votou, sentou”, em que os eleitores são desafiados a ficar junto às assembleias para vigiar a contagem até ao momento da publicação das atas de cada assembleia.

Sem nunca se associar ao grito “Votou, sentou”, uma ação considerada ilegal pelas autoridades, Costa Júnior recomendou: “Nós todos temos de duplicar o nosso poder de fiscalização. E não há nenhuma lei no nosso país que proíba o cidadão de ir votar e ficar cá fora. Não há nenhuma violação se todos votarem e depois todos defenderem a segurança do seu voto”.

No combate à corrupção, o líder da UNITA criticou a contratação pública direta, uma prática que diz ser generalizada no país. “A corrupção promove-se sempre que um contrato simplificado é assinado no nosso país”, sem concurso público, apontou.

No discurso final, Adalberto Costa Júnior pediu “uma maioria em Luanda para as listas da UNITA”, assegurando, que caso vença as eleições, os representantes do partido do Galo Negro não virão daqui a cinco anos “fazer promessas no fim do mandato” ou “vender ilusões do que não fizeram”.