Kilamba24horas

Artista luso-angolano participa em festival de escultura em Londres

 Artista luso-angolano participa em festival de escultura em Londres

A relação entre o homem e a natureza inspirou a peça que o artista luso-angolano Pedro Pires apresenta na 11ª edição do festival “Sculpture in the City” nas ruas do centro financeiro de Londres.

A escultura “Habitat” faz parte de um conjunto de 11 obras de artistas contemporâneos de várias nacionalidades expostas ao ar livre em locais desde passeios, jardins, a átrios de igreja, bancos de jardim ou até em cima de árvores.

Feita de metal, foi desenhada para proporcionar um jogo de perspectivas, em que de um lado é possível ver a silhueta de uma árvore e de outro a de uma pessoa, convidando os visitantes a aproximar-se e circular em redor. “Uma das minhas preocupações com este projecto foi criar uma escultura simples e interactiva para falar do equilíbrio ou falta deste, entre o ser humano e a natureza”, explicou Pires à Agência Lusa.

A obra vai ganhar uma nova dimensão a 23 deste mês durante o evento nocturno “Nocturnal Creatures” com uma instalação sonora destinada a gerar uma experiência sensorial adicional aos visitantes.

“O público poderá ser confrontado com o som do mar ou vento e logo de seguida ou mesmo ao mesmo tempo, com o som de uma fábrica ou da respiração de uma pessoa”, revelou.

Para o artista, a participação nesta iniciativa em Londres vai dar ao seu trabalho uma “visibilidade que é única”.

“Gosto especialmente de trabalhar em esculturas públicas por isso espero que está presença tenha consequências positivas para futuros projectos”, afirmou à Lusa.

No festival destacam-se esculturas como uma enorme “torrada” em cimento, da autoria de Sarah Lucas, onde muitas pessoas se sentam para comer o almoço, um tronco de oliveira coberto com tinta de alumínio, de Ugo Rondinone, e ninhos de enamel impressos que Victor Seaward idealizou para poderem receber pássaros.

Além das 11 obras encomendadas para esta edição do festival, mais seis esculturas permanecem desde a edição do ano passado e duas foram tornadas permanentes após serem adquiridas por empresas locais.

A directora artística, Stella Ioannou, salientou que, no rescaldo da pandemia, queria que as peças expressassem “optimismo” e entrassem em diálogo com a arquitectura variada do bairro, que combina arranha-céus envidraçados de bancos e companhias de seguros com igrejas e edifícios antigos.

“É um projecto de arte alegre e divertido, um parque de esculturas em constante evolução e mudança numa parte única de Londres. Somos privilegiados por trabalhar numa área com uma identidade tão forte”, disse, descrevendo a iniciativa como uma “galeria de arte urbana”.

A iniciativa é uma forma de animar as ruas e também de atrair pessoas para a ‘city’, um bairro dominado por escritórios onde só 65% dos trabalhadores voltaram, por vezes apenas alguns dias por sema-na, mostrando que muitos continuam em teletrabalho.

“Antes da pandemia tivemos mais de 230.000 visitantes apenas para ver este projecto. Sabemos que estamos a competir bem com os grandes museus, mas estamos a fazê-lo de uma forma que é mais democrática, porque dá às pessoas experiências quotidianas de arte pública”, afirmou à Agência Lusa Simon Glynn, chefe do planeamento urbano da City of London Corporation, a autoridade local.

Nascido em 1978 em Luanda, Pedro Pires estudou na  Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e completou um mestrado em Artes Visuais na Central Saint Martins School of Art em Londres.

Já expôs em países como Sérvia, Canadá, Nigéria, África do Sul, França, Austrália e EUA e a obra está representada em colecções particulares e públicas, nomeadamente no Museu de Belas Artes de Montreal (Canadá), Fundação PLMJ (Portugal), na Mishcon de Reya Collection (Reino Unido), Coca Cola Collection (África do Sul) e no Banco Económico (Angola).