A sensação de desigualdade dentro da própria Cidade do Kilamba volta a ser denunciada por vários moradores, que alertam para a realidade vivida do outro lado do Kilamba Shopping, onde inúmeras famílias enfrentam dias sem energia eléctrica, falta de água potável e serviços públicos precários.
Segundo os residentes, enquanto a área central da Centralidade mantém relativa estabilidade nos serviços, as zonas periféricas continuam a sofrer apagões constantes, resultantes de interrupções súbitas da ENDE, que, afirmam, “corta a energia sem qualquer aviso prévio”, deixando bairros inteiros às escuras por uma semana ou mais.
Além das falhas no fornecimento, os moradores denunciam a ausência de compensações:
“Ficamos uma semana sem luz e a ENDE não faz qualquer desconto na factura. Pagamos sempre o mesmo valor, mesmo quando passamos dias às escuras”, lamenta uma moradora.
Outro problema recorrente é a utilização de cabos eléctricos improvisados, estendidos “por cima das árvores”, situação que já havia sido denunciada anteriormente por comunidades do Kilamba que reclamam risco de incêndio, curtos-circuitos e perigo para crianças.
Os moradores afirmam ainda que, apesar da precariedade dos serviços, os preços cobrados continuam a subir:
“Cada mês aumenta. Pagamos mais por um serviço cada vez pior”, diz um residente indignado.
Denúncias acumulam-se enquanto persistem problemas de urbanização
Esta nova denúncia soma-se a outras anteriores feitas pelos moradores do Kilamba, incluindo:
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Vandalização de viaturas nos parques, que levou residentes do Quarteirão G a contratar segurança privada;
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Ocupação irregular de passeios e estacionamentos, apontada à Administração Municipal por falta de fiscalização;
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Venda de drogas no Jardim da Cultura e Arte, revelando fragilidades graves na segurança pública;
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Máfia dos terrenos e uso de documentos falsos na zona norte da urbanização;
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Inconsistências nos serviços básicos, como água e energia, que afectam sobretudo os bairros fora da zona central.
Estas queixas mostram que, apesar de ser considerada uma das maiores e mais modernas centralidades do país, o Kilamba ainda vive um fosso profundo entre as áreas centrais e as periferias, onde populações sentem-se abandonadas e excluídas do padrão urbanístico que caracteriza o projecto original.
Moradores apelam por intervenção urgente
Os residentes pedem que a ENDE regularize o fornecimento e deixe de efectuar cortes sem aviso, além de exigir compensações financeiras pelos dias sem energia, conforme previsto na lei de defesa do consumidor.
Pedem também que a Administração Municipal e o Ministério da Energia tomem medidas urgentes para modernizar a rede eléctrica, substituindo cabos improvisados e garantindo segurança básica para as famílias.
“Kilamba não é só a centralidade bonita. Há pessoas aqui que vivem sem água e sem luz. Queremos ser tratados como cidadãos iguais”, conclui um dos moradores.
Até ao momento, a ENDE não respondeu às denúncias.
